Em algum lugar... Naquele lugar...

"Havia, em algum lugar, um parque cheio de pinheiros e tílias, e uma velha casa que eu amava. Pouco importava que ela estivesse distante ou próxima, que não pudesse cercar de calor o meu corpo, nem me abrigar; reduzida apenas a um sonho, bastava que ela existisse para que a minha noite fosse cheia de sua presença. Eu não era mais um corpo de homem perdido no areal. Eu me orientava. Era o menino daquela casa, cheio da lembrança de seus perfumes, cheio da fragrância dos seus vestíbulos, cheio das vozes que a haviam animado."

(Antoine de Saint-Exupéry)

E consigo recordar com clareza cada olhar, palavra proferida, sorrisos e gestos que naquela casa foram tidos...
Consigo também ver com clareza que dali nada saiu e que nenhum daqueles gestos será novamente tido fora daquele local, onde me senti segura, onde tive a certeza que estava segura... Onde aqueles braços me rodearam e me fizeram sentir que tudo poderia ser diferente... Onde dois corpos suados partilharam uma intimidade que só eles entendiam... E nada mais será igual... Nada mais! Não voltarás a fazer-me sentir assim... mostraste-me um caminho incerto, num terreno de areias movediças... Eu gosto de caminhos com terrenos firmes... Não para que os outros saibam, mas para que eu entenda... Deixa-me entrar no teu mundo e entender, antes que seja tarde demais e eu já não o queira fazer... Decidi esquecer, mas é dificil... Quero, não quero... Não quero sofrer mais, e para isso preciso ou de ti ou de te esquecer... Mostra-me qual o caminho que devo seguir... Tu, ou o esquecimento?!